No dia 29 de Dezembro, deixei assim escrito no meu blogue "Psicologia, ensino e aprendizagem":
Com o Chefe Jaime, a gente sempre aprende sem se dar conta.Na maior parte das vezes, ao pé do Chefe Jaime, as coisas fazem-se, acontecem; habitualmente com prazer e alegria.
Com ele, balouçando na sua pequena chata à saída de Porto Pim, o mais desajeitado e desesperançado aprendiz de pescador, em menos de meia volta da hora, dobra-se sobre o bordo da pequena embarcação e olha avidamente lá para o fundo do mar, radiante da descoberta de dotes pessoais nunca imaginados. Nesta altura, de nariz quase a tocar a água salgada, límpida e suave de temperatura, procura-se já escolher este aqui, sim, aquele ali, não, tal é já o convencimento do poder sobre as águas e os peixes.
Não foi em vão que o Padre António Vieira pôs o Santo António a pregar aos peixes, estes estão na alma - ou nos genes, tanto faz - de qualquer jovem português... que caia nas mãos do Chefe Jaime, numa tarde de verão, ali p'rós lados de Porto Pim.
Vou falar mais vezes aqui do Chefe Jaime. A vida dele com jovens de tantas partes é um manancial de exemplos de boa psicologia e boa pedagogia.Por agora quero apenas deixar aqui registada uma pequena quadra que encontrei, hoje de manhã, na Biblioteca da Horta, num livrinho de José Machado de Serpa (1864-1945), A fala das nossas gentes.
É que ontem, dia de grande ventania, voltei à pontinha, bem lá à frente, "onde a terra acaba e o mar começa", do Monte da Guia. Na subida, sem abrandar a cadência da marcha, fiquei por momentos a olhar o Monte Queimado, que nunca subi, e dei conta de ser tomado pela curiosidade de escalar aquela pequena elevação, que me daria uma perspectiva sobre a cidade da Horta, que nunca tive antes. Depois, lá mesmo na pontinha do Monte da Guia, cuidei de ver bem onde punha os pés, tal a força do vento. Por vezes, dava um ou dois passos que eram o bastante para o vento desaparecer de todo.
Por isso, achei engraçado encontrar a seguinte passagem no livro que referi. A quadra está feita à medida do Chefe Jaime:
"Vento de entre os montes", isto é, de entre o Monte da Guia e o Monte Queimado do Faial - vento de refregas.
"Olho no mar e olho no vento,
É do mestre, lição de bom tento,
Porque assim manobra o barco,
Nunca seu barco vai p´ró charco".
P.S. - Passaram cerca de duas horas desde que escrevi este apontamento. O Chefe Jaime faz hoje anos! Acaba de me telefonar a dizê-lo e a convidar-me a jantar hoje em sua casa! Ele há mesmo coisas curiosas!...
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